






A emblemática novela 'A Viagem' volta ao Vale a Pena Ver de Novo em 12 de maio, substituindo 'Tieta' no horário vespertino. Sucesso de 1994, a trama espírita sensibilizou o Brasil ao tratar com sensibilidade a morte dos personagens.
No folhetim, metaforicamente as pessoas boas iam para o céu, enquanto os 'perturbados espiritualmente' eram encaminhados para o limbo, local onde Alexandre (Guilherme Fontes) ficou destinado por quase todo o tempo na novela.
Na época, uma grande polêmica tomou conta dos arredores dos Estúdios Globo, que ainda não tinha esse nome. A dúvida era entender porque não havia pessoas pretas no céu.
A questão ganhou proporções gigantescas. Tudo começou com a decisão dos diretores da Globo por deixarem de fora o quadro de figurantes pretos recrutados para as gravações do plano superior no folhetim de Ivani Ribeiro.
"Eles pediram gente de todo o tipo, negro, branco, japonês e índio, mas nas primeiras gravações os negros quase não apareceram", disse o produtor Carlos Dias, da agência de figurantes Ceumar, em entrevista à Folha de São Paulo, em 1994.
Logo, a falta de pessoas pretas foi alvo de reclamações, endereçadas por entidades do movimento nefro. "Eu rodei a baiana lá na produção e perguntei se negro não entrava no céu", disse Don Marco Maguila, dono da agência de figurantes Afro Brasil.
No entanto, as entidades eximiam a Globo de qualquer culpa, pois os atores pretos foram escalados desde o início, porém, não eram mostrados devidamente pelas câmeras. Na época, os diretores e assistentes da novela das 19h não gostavam de comentar sobrecé o assunto.
Não demorou muito para que os primeiros personagens pretos aparecessem na trama. A aclamada e saudosa atriz Léa Garcia foi a primeira a surgir depois de muito tempo.