





O que começou como uma parceria estratégica entre dois dos homens mais poderosos dos Estados Unidos, Donald Trump e Elon Musk, se transformou em um duelo de egos em praça pública. Após romper com o ex-presidente no fim de maio, o bilionário sul-africano naturalizado americano virou alvo de farpas, ameaças econômicas e até… possíveis questionamentos sobre sua permanência no país.
Em declaração recente, Trump foi direto ao ser questionado se pretende deportar Musk. A resposta, no entanto, soou como mais um capítulo da tensa relação: “Não sei. Acho que vamos ter que dar uma olhada nisso". E continuou, em tom nada amigável: “Talvez a gente tenha que colocar o DOGE em cima do Elon. Sabe o que é o DOGE? O DOGE é o monstro que talvez tenha que voltar e comer o Elon. Não seria terrível?”. Vish...
DOGE, sigla para Departamento de Eficiência Governamental, foi a pasta criada por Trump para cortar gastos federais - e que teve Elon Musk como chefe entre janeiro e maio deste ano. Nesse período, o empresário promoveu uma onda de cortes em contratos e empregos, consolidando seu papel como uma espécie de “xerife da austeridade” do governo republicano.
A saída de Musk do cargo foi discreta, com direito a elogios públicos de Trump em cerimônia oficial. Mas bastou uma semana para que tudo desandasse. O estopim foi o megapacote fiscal proposto pelo presidente, que Musk chamou de “insano” e acusou de levar os Estados Unidos à beira da falência.
O bilionário não parou por aí. “Se esse projeto de lei de gastos insanos for aprovado, o Partido América será formado no dia seguinte”, prometeu Musk no X, sua própria rede social.
Sem economizar nas indiretas (ou seriam diretas?), Trump sugeriu publicamente que as empresas de Musk, como a Tesla, X e SpaceX, deveriam ter seus incentivos federais revisados pelo DOGE. Segundo ele, o bilionário só conseguiu prosperar graças aos subsídios governamentais.
“Elon talvez receba mais subsídios do que qualquer ser humano na história, e sem esses subsídios, ele provavelmente teria que fechar as portas e voltar para a África do Sul", expressou.
A provocação veio acompanhada de uma ameaça explícita: “A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk".
O confronto se agravou quando Musk, ex-principal financiador da campanha republicana em 2024, ameaçou lançar o “Partido da América” - uma terceira via para romper com o domínio dos partidos Democrata e Republicano nos EUA. O anúncio causou alvoroço nos bastidores do Congresso, que analisa o pacote fiscal bilionário criticado por Musk.
Entre os pontos mais polêmicos da proposta estão:
- Ampliação de cortes de impostos para famílias e empresas;
- Fim de incentivos para energia solar e eólica, com novos benefícios para o carvão;
- Mudanças nas regras do Medicaid, sistema de saúde pública;
- Aumento do teto da dívida pública americana.
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, o impacto estimado seria de US$ 3,3 trilhões na dívida pública. Musk, que se posiciona contra esse tipo de gasto, afirmou: “Farei de tudo para que os congressistas que apoiarem essa medida percam as próximas eleições".
Apesar do tom sarcástico e ameaçador de Trump, a deportação de Elon Musk é improvável. O empresário é cidadão americano, embora tenha nascido na África do Sul e vivido no Canadá antes de se estabelecer nos EUA. Legalmente, não há base para deportação, mas, no atual clima político, a legalidade parece ter sido substituída pelo espetáculo...


