






Com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, vítima de um AVC seguido de insuficiência cardíaca, os olhos do mundo voltam-se mais uma vez para o Vaticano. Mas além da expectativa por um novo pontífice, há um detalhe que sempre intriga fiéis e curiosos: como se faz a famosa fumaça que anuncia se os cardeais chegaram (ou não) a um nome?
Spoiler: não é só papel queimando, não. E um dos ingredientes principais dessa tradição milenar já foi, e ainda é, usado para espantar traças e insetos. Sim, estamos falando da naftalina, minha gente!
Durante o Conclave — processo ultra-secreto que elege o novo líder da Igreja Católica — os cardeais se reúnem na Capela Sistina para votar. Após cada votação, uma fumaça sobe da chaminé: preta, se ainda não há consenso; branca, quando um novo papa é escolhido.
Mas desde 2005, o sistema mudou. Diante das dificuldades com a visibilidade da fumaça tradicional (uma mistura de papel e palha úmida que nem sempre funcionava bem), o Vaticano decidiu investir em tecnologia: hoje, o sinal vem de um sistema eletrônico com cartuchos pirotécnicos, segundo revelou o portal g1.
A atual solução envolve uma fórmula química precisa. Para criar o efeito visual, são usados dois componentes principais:
- Lactose, o açúcar do leite, que ao se decompor por calor libera partículas claras, refletindo a luz e formando a fumaça branca;
- Naftalina, um hidrocarboneto aromático sólido — o mesmo usado em bolinhas para espantar insetos —, que ao queimar libera partículas escuras, absorvendo luz e formando a fumaça preta.
Essas substâncias são cuidadosamente controladas para gerar partículas em suspensão visíveis de muito longe — como é necessário para quem acompanha tudo da Praça São Pedro, em Roma.
Além da química, o sistema usa princípios físicos como a termodinâmica e a mecânica dos fluidos. Isso garante que a fumaça suba rápido, de forma contínua, e mantenha sua cor por mais tempo. A diferença de densidade entre o ar quente da combustão e o ar ambiente impulsiona a nuvem para o alto — um show visual e simbólico.
Segundo Massimiliano De Sanctis, especialista em pirotecnia e fornecedor oficial do equipamento usado nos conclaves que elegeram Bento XVI e Francisco, o sistema conta com dois fornos ligados à mesma chaminé:
- Um mais antigo, de ferro fundido, onde são queimadas as cédulas da votação;
- Outro, moderno e eletrônico, que aciona o cartucho de fumaça com seis mini granadas conectadas em série. O botão de disparo? Fica nas mãos dos próprios cardeais.
O efeito dura cerca de sete minutos e foi projetado para não deixar margem para dúvidas sobre o resultado da votação.