





Sandra Annenberg chamou atenção, em 2023, quando revelou que teve “síndrome de abstinência de adrenalina”. Desde já, vale destacar que adrenalina não vicia e este termo não é reconhecido como um diagnóstico médico ou psiquiátrico oficial. Mas o problema existe: trata-se de um conceito informal para descrever um mal-estar físico e psicológico após um longo período de estresse e excitação.
Sandra passou a sofrer taquicardias após deixar o comando do “Jornal Hoje”, em 2019. Ela apresentava o mesmo sintoma diariamente por volta de 12h30 e 13h, hora em que começavam as gravações das primeiras chamadas do telejornal. A jornalista, então, recorreu a um psiquiatra.
“Eu tive síndrome de abstinência de adrenalina, porque durante 20 anos eu produzi uma adrenalina no mesmo horário, e eu continuei produzindo adrenalina, e até eu conseguir reabsorver isso e reprogramar o meu corpo, levou tempo. Da mesma forma que você leva tempo se preparando para fazer alguma coisa, você leva tempo para deixar de fazer aquela coisa”, contou Sandra no podcast “Sem Nome Pode”.
A psiquiatra Danielle Admoni, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), reforça que não existe este diagnóstico de “síndrome de abstinência de adrenalina”, mas explica que os sintomas estão relacionados a uma demora do corpo para se adaptar a uma nova rotina.
Em casos de adrenalina, o corpo libera epinefrina e noradrenalina, o que ativa o sistema nervoso simpático. Portanto, quando essas atividades cessam, o corpo passa por uma sensação de queda de energia devido a um reajuste fisiológico.
“Na hora do jornal, ela tinha um baita pico de estresse. A adrenalina vai lá para cima para estar alerta. Como ficou muitos anos nesse ritmo, o corpo se acostumou a tal horário ter a reação e acontece mesmo sem o fator desencadeante, que era apresentar o programa”, disse a médica em entrevista ao jornal O Globo.
Já o psiquiatra Marcelo Feijó, especialista em estresse, completa que esta situação pode acontecer com qualquer pessoa que abandona uma atividade que faz há muito tempo. Além disso, os sintomas podem ser classificados como uma espécie de energia que sobra, que, no caso de Sandra, antes era gasta no telejornal.
“O ideal é se preparar para parar. Quando essa aposentadoria é abrupta, em casos de demissão, por exemplo, esse problema é ainda mais grave”, reforça o psiquiatra, também ao jornal O Globo.