





O samba perdeu neste sábado (14) uma de suas figuras mais emblemáticas. Bira Presidente, fundador do tradicional bloco Cacique de Ramos e um dos criadores do grupo Fundo de Quintal, faleceu aos 88 anos, no Rio de Janeiro. O músico estava em tratamento contra um câncer de próstata e também enfrentava o avanço do Alzheimer.
Percussionista, cantor e compositor, Ubirajara Félix do Nascimento teve papel fundamental na renovação do samba nas últimas décadas. Seu legado vai além dos palcos: ele foi um dos responsáveis por transformar as rodas de samba suburbanas do Rio em um movimento cultural que influenciou todo o país.
Nas redes sociais, famosos lamentaram a morte de Bira. "Me faltam palavras", comentou Xande de Pilares. "Estou sem chão", disse Bruno Cardoso, do Sorriso Maroto. "Descanse em paz nosso 'Presida' amado! Eterno Bira ! Obrigado por tanto", declarou Belo. "Sem palavras! Obrigada por tudo mestre, o legado e os ensinamentos são eternos. Pra sempre, o nosso presidente", reagiu Flora Cruz, filha de Arlindo Cruz.
"Grande mestre", destacou Leandra Leal. Obrigado, presidente. Por tudo que você fez pela música brasileira", comentou Marcelo D2. "Bira era de uma delicadeza ímpar. Sempre gentil. Fazia parte da nobreza do samba. Um amigo querido que se foi. Meu carinho imenso pra toda a família", declarou Fátima Bernardes. "Obrigado por tudo, Bira Presidente! Que alegria poder ter te conhecido e agradecido pessoalmente", disse Thiaguinho.
Nascido em 23 de março de 1937, no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio de Janeiro, Bira cresceu cercado pelo universo do samba e do choro. Desde a infância, conviveu com nomes históricos como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. Aos sete anos, foi "batizado no samba" pela Estação Primeira de Mangueira, escola pela qual sempre teve profunda admiração.
Sua mãe, mãe de santo da Umbanda, também influenciou fortemente sua formação, unindo religiosidade e música nas festas familiares.
Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou, ao lado de amigos e familiares, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos. O bloco, nascido da união de pequenos grupos carnavalescos do bairro, se tornou um dos mais importantes centros culturais do samba brasileiro.
Com sede apelidada de “Doce Refúgio”, o Cacique se consolidou pelas tradicionais rodas de samba que reuniam músicos consagrados e talentos emergentes. O bloco desfilou por anos nas ruas do Rio e ganhou notoriedade não apenas pelo Carnaval, mas por sua contribuição à cultura popular.
Bira foi o único presidente da agremiação até sua morte, sendo carinhosamente reconhecido como “o próprio Cacique” entre sambistas e foliões.
Na década de 1970, das rodas do Cacique nasceu um dos grupos mais influentes do samba: o Fundo de Quintal. Bira Presidente foi um dos fundadores da formação original, ao lado de músicos como Jorge Aragão, Almir Guineto e Neoci.
O grupo inovou ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, criando uma sonoridade inédita que revitalizou o samba de raiz e abriu caminho para novas gerações.
Com sua trajetória marcada pela resistência cultural, renovação do samba e incentivo a novos talentos, Bira Presidente deixa um legado eterno na história da música brasileira. Sua partida representa não apenas a perda de um artista, mas de um símbolo da alma carioca.


