





Quem acompanha a Copa do Mundo de Clubes em 2025 já sabe: basta os times entrarem em campo ou o intervalo começar que os alto-falantes disparam o refrão inconfundível de “Freed From Desire”, o clássico eurodance de 1996 com o emblemático "na-na-na-na-na". A música da italiana Gala Rizzatto foi a escolhida pela Fifa como trilha oficial da competição, que reúne gigantes do futebol mundial até 13 de julho.
A escolha parece natural. O hit, lançado no álbum "Come Into My Life", foi um fenômeno nas paradas europeias: chegou ao segundo lugar no Reino Unido e recebeu certificações de platina e diamante em países como França, Bélgica e Itália.
Desde 2015, a faixa ganhou fôlego renovado nos estádios, quando torcedores da Irlanda do Norte a transformaram em paródia para exaltar o atacante Will Grigg durante a Eurocopa de 2016. Desde então, virou febre entre torcidas mundo afora e consolidou-se como um símbolo de empolgação coletiva. Mas, por trás do refrão contagiante que ecoa nos estádios e se espalha nas redes, está uma história de luta, frustração e invisibilidade... a da própria Gala.
Apesar da fama global da música e de sua onipresença em estádios e eventos esportivos, Gala revelou, em entrevista à revista Paris Match, que não tem recebido os direitos financeiros que lhe caberiam por “Freed From Desire”. Eita!
Aos 49 anos, a cantora italiana vive há quatro anos "sem um centavo, dividindo quartos alugados com amigos no Brooklyn", nos Estados Unidos. “As pessoas pensam que estou tomando um martíni numa ilha caribenha e que sou bilionária por causa da música. Mas não é o caso. Não tenho dinheiro nem para comprar um apartamento. Vivo como uma nômade”, relatou. Que situação, hein!?
A artista revelou que assinou, em 1995, um contrato extremamente injusto com o produtor Max Moroldo, quando ainda desconhecia os detalhes de direitos autorais. “Eu não era burra, era ignorante. Mas também fizeram coisas pelas minhas costas, sem que eu soubesse”, lamentou. Desde então, ela afirma ter sido explorada por décadas, vendo sua canção ser remixada, reproduzida e celebrada sem sua autorização ou participação nos lucros.
Além da frustração financeira, Gala destacou o impacto emocional de ver sua identidade ser apropriada. “É terrível ver milhares de remixes sendo lançados sem eu ter voz nisso. E é o meu nome. Gala não é nome artístico, é meu nome de verdade”, desabafou. Ela também confessou que demorou a falar publicamente sobre sua situação por vergonha e desgaste emocional, mas agora está determinada a mudar o jogo.
Em novembro de 2023, Gala deu início a uma nova etapa na sua batalha judicial contra Moroldo, com o apoio de Ben Mawson, cofundador da agência TaP Music. A vitória mais recente foi simbólica e estratégica: ela conquistou o direito de regravar sua própria música. Com isso, espera finalmente reaver parte do controle criativo e financeiro sobre o que se tornou um dos hinos pop mais duradouros das últimas décadas.
Enquanto isso, nas arquibancadas e transmissões esportivas, “Freed From Desire” segue imbatível, seja como trilha de vitórias, de danças ensaiadas ou do simples grito coletivo “na-na-na-na”.


